fbpx
imagem de ovo com células ao fundo. Lecipalm: emulsificante natural parapostura comercial

Mar 14

Por Jean Natel* e Kleber Watanabe**

Atualmente, a energia da ração representa o principal custo na nutrição de poedeiras comerciais, e por isso é muito importante explorarmos o aproveitamento da energia da dieta. O uso de emulsificantes é uma ferramenta consagrada para melhorar o desempenho zootécnico e reduzir o custo total da ração

O Lecipalm é um emulsificante com funcionalidade similar ao processo natural de digestão de lipídios, e vale relembrar alguns pontos importantes na fisiologia das aves.

A digestão das gorduras ocorre principalmente no intestino delgado. O ácido e a ação trituradora do estômago rompem as gorduras da dieta em partículas muito pequenas, que são enviadas em uma velocidade controlada ao duodeno. Ali, elas se misturam com agentes emulsificantes que produzem partículas estáveis. Os principais agentes emulsificantes são os ácidos biliares (DAVIES, 2002).

A assimilação de lipídios no organismo pode ser dividida em quatro fases: emulsificação, hidrólise, formação de micela e absorção. A emulsificação é o processo de redução das gotículas de gordura a um tamanho que forme suspensão estável na água ou em soluções aquosas. No trato gastrintestinal, esta fase começa no estômago, quando os lipídios são aquecidos à temperatura corpórea e submetidos às intensas ações de mistura, agitação e separação exercidas pelo estômago distal.

No intestino delgado, é completada a emulsificação pela ação detergente dos sais biliares e dos fosfolipídios. Esses produtos da bile reduzem a tensão superficial dos lipídios e permite que as gotículas sejam mais divididas e reduzidas de tamanho (CUNNINGHAM et al., 2004).

Os lipídios estão sujeitos às ações das enzimas hidrolíticas enquanto estão recobertos pela bile, ou no estágio de gotículas emulsificadas. A hidrólise de triglicerídeos, o principal componente lipídico da dieta, ocorre devido à ação combinada das enzimas pancreática, lipase e co-lipase.

Os produtos da digestão hidrolítica (ácidos graxos e monoglicerídeos) combinam-se com ácidos biliares e fosfolipídios para formar micelas, pequenos aglomerados hidrossolúveis de ácidos biliares e lipídios. As micelas são consideravelmente menores que as gotículas de gorduras emulsificadas, das quais são derivadas. As micelas solúveis permitem a difusão dos lipídios através do lúmen intestinal, dentro da camada de água estacionária e o contato íntimo dos lipídios com a superfície absortiva da membrana apical. (CUNNINGHAM et al., 2004).

Ação emulsificante da bile

Os hepatócitos sintetizam ácidos biliares a partir do colesterol, que é quase totalmente insolúvel em água, mas as alterações químicas envolvidas na conversão do colesterol em ácidos biliares resultam em uma molécula com um lado solúvel em água (hidrofílico), e o outro lado solúvel em lipídio (hidrofóbico), sendo assim anfipática. Esta combinação hidrofóbico-hidrofílico é uma propriedade dos detergentes, que podem tornar os lipídios solúveis em água (CUNNINGHAM et al., 2004).

Os ácidos biliares são produzidos no retículo endoplasmático liso dos hepatócitos. Quando são secretados das células para a luz canalicular, os ácidos biliares removem alguns dos componentes da membrana celular: fosfolipídios e colesterol. Esses constituintes – fosfolipídios, colesterol e ácidos biliares – são os principais componentes funcionais da bile e importantes para a digestão e absorção de gorduras (CUNNINGHAM et al., 2004).

A função dos sais biliares, que depende das suas propriedades anfipáticas, é a de solubilizar os lipídios da dieta. Sem os sais biliares, os lipídios seriam insolúveis na solução aquosa do lúmen intestinal e menos acessíveis à digestão e absorção.

Nesse aspecto, o primeiro papel dos sais biliares é emulsificar os lipídios da dieta. Os sais biliares com carga negativa circundam os lipídios, criando gotículas lipídicas no lúmen intestinal. As cargas negativas dos sais biliares repelem-se umas às outras, de modo que as gotículas se dispersam, aumentando a área de superfície para as enzimas digestivas. Sem a emulsificação, os lipídios alimentares iriam se unir em grandes “bolhas” e pequena área de superfície para a digestão (CONSTANZO, 2007).

O segundo papel dos sais biliares é formar micelas com os produtos da digestão lipídica, incluindo monoglicerídeos e ácidos graxos. O núcleo da micela contém esses produtos lipídicos e sua superfície é revestida por sais biliares. As porções hidrofóbicas das moléculas de sais biliares estão dissolvidas no núcleo lipídico da micela, e as porções hidrofílicas, na solução aquosa do lúmen intestinal. Desse modo, os produtos hidrofóbicos da digestão lipídica são dissolvidos no ambiente aquoso (CONSTANZO, 2007).

Composição da bile

Os constituintes orgânicos da bile são: sais biliares (50%), pigmentos biliares como a bilirrubina (2%), colesterol (4%) e fosfolipídios (40%). A bile também contém eletrólitos e água, que são secretados pelas células que revestem os ductos biliares.

  • Os sais biliares (incluindo os ácidos biliares), constituem 50% dos componentes orgânicos da bile. O fígado conjuga os ácidos biliares com os aminoácidos glicina ou taurina para formar os sais biliares. Como consequência, totaliza oito sais biliares, cada um nomeado com o ácido biliar correspondente e o aminoácido da conjugação (ex. ácido glicocólico e ácido taurocólico).

Essa etapa de conjugação torna-os muito mais solúveis em água. A função dos ácidos biliares é emulsificar os lipídios da dieta e solubilizar os produtos da digestão de gordura.

  • Os fosfolipídios e o colesterol também são secretados na bile pelos hepatócitos e estão incluídos nas micelas, junto com os produtos da digestão lipídica. De modo semelhante aos sais biliares, os fosfolipídios são anfipáticos e ajudam os sais biliares na formação das micelas. As porções hidrofóbicas dos fosfolipídios apontam para o interior da micela, e as hidrofílicas se dissolvem na solução aquosa intestinal.
  • A bilirrubina, um pigmento amarelado resultante do metabolismo da hemoglobina, é o principal pigmento biliar. Esse pigmento é responsável pela coloração das fezes.
  • Íons e água são secretados na bile pelas células epiteliais que revestem os ductos biliares.

Principais emulsificantes

Com exceção da lecitina, que é um fosfolipídio, a maioria dos emulsificantes são ésteres parciais de ácidos graxos de origem animal ou vegetal e alcoóis polivalentes, como glicerol, propilenoglicol, sorbitol, sacarose, etc. Os principais emulsificantes utilizados pela indústria alimentícia são os monoglicerídios e os ésteres de ácidos láticos. Os ésteres de ácido láctico são produtos da reação do ácido esteárico com o ácido lático.

  • LECIPALM emulsificante natural – é formado por uma mescla de fosfolipídios, triglicerídeos e glicolipídios, carboidratos e carotenoides, sendo as propriedades tensoativas provenientes da estrutura molecular dos fosfolipídios, que são formados por uma porção hidrofóbica e outra hidrofílica. Os fosfolipídios presentes na lecitina de soja integral são representados pela fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina, fosfatidilinositol e ácido fosfatídico.

A matéria-prima Lecitina de Soja Integral serve ainda como importante fonte de colina, fósforo, fitosteróis e ácidos graxos ômega 3 e 6. O enriquecimento do produto com ácidos graxos de cadeia média e agentes precursores de sais biliares torna o produto mais eficaz, econômico e estável.


* Zootecnista | Pesquisa e Desenvolvimento Sanex

** Zootecnista e gerente técnico comercial Sanex

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *