Conforme a instituição, este cenário se dá porque produtos como milho e farelo de soja, que compõem a base da ração para as aves, tiveram valorização em proporções superiores às do frango de corte.
A informação é corroborada pelo CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani, que em entrevista ao Notícias Agrícolas informou que “entre outubro do ano passado e outubro deste ano, em reais, a soja aumentou 81% e o milho, 86%, enquanto em dólar, esses insumos subiram 14% e 2,4%, respectivamente. A ração para frangos de corte, por exemplo, teve alta de 92%, enquanto o preço pago pela ave subiu 35%”.
Os números da parcial de novembro do Cepea/Esalq apontam que até a última quarta-feira (11), para cada quilo de frango vendido pelo avicultor, era possível adquirir 3,23 quilos de milho e 1,62 quilos de farelo de soja, tendo como base os preços praticados no mercado paulista. Isso significa que o poder de compra do avicultor diminuiu em 8,4% para a compra de milho e 7,7% para o farelo, no comparativo com outubro.
Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostram que desde o início de novembro, o preço da ave viva subiu 3,7% em São Paulo. No mesmo período, de acordo com o Cepea/Esalq, o preço médio da saca de 60kg de milho é de R$ 80,23, avanço de 11,3% frente a outubro; já o farelo de soja tem preço médio na parcial de novembro de R$ 2.663,74 por tonelada, aumento de 10,8% na comparação com outubro.
Ao estender análise temporal do preço da ave viva, levantado pelo IEA para 30 dias, entre 12 de outubro a 12 novembro, o valor passou de R$ 3,94 o quilo para R$ 4,18 o quilo, alta de 6,09%.
No acumulado de 30 dias, o Cepea/Esalq mostra no mercado paulista uma alta de 26,6% no preço do milho, passando de R$ 63,63/saca entre 12 de outubro para R$ 80,55 até 12 de novembro. A título de comparação, no mesmo período o preço do frango congelado subiu 10,25% e o do resfriado, 5,37%.
O presidente da Associação Paulista de Avicultura, Erico Pozzer, afirma que “esta é a realidade, e não tem milagre”. A realidade nas granjas reflete essa defasagem entre a proporção de aumento do preço pago pelo frango e do valor dos insumos.
“A realidade do Brasil neste momento com relação aos custos e a situação do mercado da avicultura está complicada. Pode ser que entremos em 2021 com custos muitos mais elevados, e o repasse de custos para o mercado é um pouco mais lento, diferente do custo da matéria-prima que segue o ritmo internacional. As margens do avicultor devem seguir pressionadas”, disse.
Fonte: Avisite (Notícias Agrícolas Autor: Letícia Guimarães)